Não se sabe ao certo se estamos realmente mais ansiosos e estressados ou somente, com o advento tecnológico, nos tornamos mais capazes de realizar diagnósticos. Existe parte da literatura que defende a ideia de que os estudos avançaram junto à tecnologia, facilitando a compreensão e aumentando o número de diagnósticos. Já outros autores afirmam que, na atual sociedade, o ritmo de vida acelerado e todas as pressões em torno do indivíduo provocam um estado agudo de estresse e ansiedade, podendo assim gerar transtornos psíquicos. 

Acontece que, independentemente de quem tem razão nessa análise histórico-contextual, o mundo vive a era de inúmeros transtornos psíquicos que, muitas vezes, são derivados de picos de rotinas ansiosas e estressoras. O nosso país, segundo a OMS, lidera as estatísticas quando o assunto é o número de diagnósticos de ansiedade. 

Certo! Mas o que a atividade física e a mente têm relação com isso tudo? Já se sabe, por inúmeros estudos, a íntima relação de causa e efeito entre mente e corpo. Atividades cognitivas e/ou comportamentais geram um efeito bidirecional, influenciando no organismo das pessoas como um todo. A essa altura você já deve estar entendendo sobre o que estamos falando. A prática regular de atividades físicas, por evidências, é um excelente estímulo físico e mental para a manutenção da saúde mental e, obviamente, física também. Mas não é só isso… 

Sabe-se que uma rotina de atividades, junto a uma série de outros elementos como alimentação, contextos terapêuticos e lazer ativo, são essenciais para uma boa qualidade de vida. Mas queremos lhe mostrar mais uma coisa sobre as atividades físicas: estudos comprovam que a prática de atividades físicas aeróbicas, com intensidade moderada, para pessoas que já foram diagnosticadas com transtornos de ansiedade, alto nível de estresse, ou até mesmo quando essas condições psíquicas estão associadas a aspectos somáticos advindos de outras condições patológicas (como hipertensão e diabetes), podem gerar efeitos antidepressivos e ansiolíticos no organismo.  

Quando estamos em picos de estresse e ansiedade, existe a reação de luta e fuga. Nosso organismo produz cortisol, quebra glicose para obtenção de energia, acelera batimentos cardíacos, aumenta o fluxo sanguíneo para as extremidades do corpo e muitos outros sintomas fisiológicos podem acontecer. Nesse momento, a capacidade de raciocínio do córtex também fica reduzida, priorizando comportamentos acelerados e impulsivos, e tudo isso é uma reação do nosso sistema nervoso simpático. Esse é um sistema muito importante do nosso organismo que, em situações de risco e ameaça, nos ajudam a entrar em um estado máximo de alerta para agir rapidamente.  

Acontece que, pessoas com transtornos psíquicos, por questões que devem ser trabalhadas com apoio terapêutico, têm esse tipo de reação muitas vezes em momentos pacíficos, de tranquilidade, quando o sistema parassimpático deveria estar operando. Essas são as famosas crises de ansiedade ou ataques do pânico. E, nesses casos, existem algumas coisas que podem ser feitas para controlar essa crise. Dentre elas está a prática de exercício aeróbico de leve intensidade, como uma caminhada ou polichinelos, por exemplo. É uma forma de o organismo liberar toda aquela energia produzida pelo sistema nervoso simpático, com uma atuação psicobiológica e, por consequência, aliviar a sensação de hiperatividade da mente, sintoma comum em crises como essas. Se esses exercícios forem integrados a uma rotina de hábitos, com uma regularidade de dias e tempo praticados, os resultados podem ser ainda mais estáveis, agindo como ação preventiva dentro de uma rotina “não ansiosa”. 

Percebeu? Nosso corpo deve ser entendido como unidade. É claro que existem particularidades de cada sistema, mas eles estão conectados, e as ações que você decide tomar, refletem no todo.  O que achou? Qual é o exercício regular que vai adotar? Lembre-se, em casos de patologias diagnosticadas, consulte sempre a(o) profissional responsável que já lhe acompanha e vamos juntos cuidar da saúde de forma preventiva. 

Produzido por:

  Bruno Moraes